Não me apetece trabalhar. Não me apetece fazer absolutamente nada que implique o mínimo esforço, físico ou intelectual. E no entanto, o dia ainda será longo. E já se avista um fim de semana de muito trabalho. Acho que vou comer um chocolate. Hum... com os quilos a mais e com esta pele lastimável não deve ser boa ideia. Não consigo pensar em nada positivo neste momento. O mau humor rouba-me a clareza de espírito por completo.
E amigos daqueles mesmo bons. Amigos a quem podemos, sem vergonhas, dizer "posso ir contigo?" como quem diz "posso colar-me ao teu programa?" e sabemos que, seja ela qual for, a resposta será sempre sincera. Desta vez calhou-me um "claro que sim". E fui, contente da vida, para uma tarde inesperada mas muito boa, com boa conversa e silêncios sem embaraços. E, destes momentos, guardo sempre comigo a certeza que "a amizade é a mais bela forma de amor" e que, aconteça o que acontecer, nunca estarei sozinha. Não enquanto o mundo (o meu) estiver cheio de pessoas assim.
Daqui a umas horas voo para São Tomé e Princípe. O João convenceu-me a mais uma loucura, mais um carpe diem, mais um momento em que temos que agarrar as oportunidades que nos surgem pelo caminho. E foi o que eu fiz. Estou sempre a aprender estas coisas com ele e, até agora, correu sempre bem. Claro que, entretanto, já me arrependi, já fiz várias contas à vida para saber quantos meses de sacrifícios ainda maiores estão para vir. Sim, tenho a certeza que dei um passo maior que a perna. Sim, sei que não tenho vida nem situação para ir de férias para ilhas tropicais. Mas, se não for agora, que tenho poucas responsabilidades e as que tenho são contornáveis, quando será? Quando começar a trabalhar a tempo inteiro e não puder tirar férias durante algum tempo? Quando tiver filhos e um cão e crédito habitação e um PPR e a prestação do carro e do frigorífico? Pois, não. O momento é agora e eu tenciono aproveitá-lo ao máximo.
E, se sou muito feliz com o João no hemisfério norte, se já fui
incrivelmente feliz com ele no hemisfério sul ("e vem a saudade da
Bahia..."), tenho a certeza que serei (seremos) duplamente feliz no equador.
Mas, pelo sim pelo não, vou dar ainda mais beijos para ter a certeza,
vou dar a mão quando saltitar o paralelo mais importante de todos e vou
gozar em pleno a melhor companhia do mundo.
Dito isto, só tenho a dizer que fazer a mala foi mais fácil do que pensava. Afinal é apenas uma semana e a roupa é a mais leve possível. Ainda aproveitei a desculpa e comprei umas saias e uma camisa de dormir tão fresca como convém às noites do equador.
E as vacinas estão tomadas e o protector solar já está na mala, os biquinis foram recuperados do fundo da gaveta e a máquina fotográfica está cheia de memória para a posteridade. Só falta sair do trabalho, correr para casa e rumar a umas férias que prometem ser inesquecíveis.
E eu vou de férias! Prontos, o dia de hoje vou ser muito loooongo e na 2ªfeira ainda tenho aulas e trabalho até ao último minuto. Mas, depois, meto-me num avião durante seis longas horas e só quero saber de praias paradisíacas e de cidades coloniais, de relembrar o Equador e absorver outros hábitos, outras culturas, outras vidas.
P.S. - E ainda estou muito contente da vida porque ainda não comecei a interiorizar a ideia de ir fazer a mala... Isso sim, será um drama de grandes proporções. Nem quero pensar nisso já... Ó cabecinha mais complicada para estas coisas!
Gosto de andar a pé. Sempre gostei. No meu dia-a-dia não fujo muito dos percursos habituais, Saldanha, Campo Pequeno, Av.Roma, Alvalade... e o meu bairro, claro.
E fico sempre surpreendida quando percorro novas ruas e novos caminhos, mesmo aqueles por onde já conduzi centenas de vezes. Esta Lisboa ainda tem muito para me mostrar, longe do Tejo e do Chiado, de Belém e de Alfama. A velha Lisboa, sempre a renovar-se para mim.
Avenida José Malhoa
e Lisboa também consegue ser feia
Olha, é o pátio do Teatro da Comuna. Uma perspectiva menos habitual